Os Contos de Anne Frank
A par do seu famoso Diário, Anne escreveu e compilou, num grande caderno de capa dura, uma série de textos a que chamou "Contos e Acontecimentos do Anexo, Descritos por Anne Frank" que começou a escrever a 7 de Julho de 1943. Esses textos continuam as ideias e temas do Diário e refletem mais uma vez o seu génio criativo, determinado e repleto de fé e esperança mesmo em meio ao terror da época.
Nesta colectânea encontramos Contos, Recordações Pessoais e Pequenas Histórias e ainda Pequenos Ensaios, escritos de forma simples e fantasiosa, próprio de uma jovem de 13 anos que retrata as suas inquietações mas com muita pertinência e lucidez.
Contos protagonizados por meninas um pouco solitárias e sonhadoras que encontram muitas vezes na natureza o seu refúgio e paz. Quase todas elas irradiam bondade e preocupação com o outro e uma visão positiva e esperançosa da vida, reflexo da sua fé. Aa histórias são inundadas de fantasia através de fadas, silfides, gnomos e duendes que povoam estas histórias sempre como ajudadores e orientadores das protagonistas rumo a um aperfeiçoamento pessoal tão importante para Anne.
«Sempre que fazia alguma coisa boa, sentia-se quente e alegre por dentro e, pouco a pouco, começou a perceber o que a sílfide queria dizer com "a música dentro do seu coração". Quando já era crescida compreendeu, um dia, o significado do seu sonho e quem fora a pequena sílfide. Reconheceu, de repente que a própria consciência lhe tinha mostrado, em sonho, o que estava certo. Ficou profundamente grata por, na sua infância, ter tido a pequena sílfide por guia e exemplo.» O Sonho de Eva
«No campo, no meio das flores, sob o céu cada vez mais escuro, Ktista está satisfeita. O cansaço, o mercado e as pessoas, tudo isso desapareceu. A rapariguinha sonha e pensa apenas na delícia de ter, cada dia, estes pequenos momentos, a sós com Deus e com a natureza.» A Pequena Florista
Recordações pessoais e Pequenas Histórias do seu tempo de escola, da vida antes do anexo, à qual Anne gostaria de voltar e onde para ela tudo era maravilhoso. Mas também de experiências vividas no tempo de reclusão, a escrita do seu primeiro artigo sobre o seu companheiro Peter e o seu quarto no anexo, o sonho com as suas atrizes preferidas, cujos recortes colecionava ou a história da procura da felicidade.
Pequenos Ensaios em que Anne reflete sobre questões que a inquietam com grande maturidade e lucidez que quase fazem esquecer a sua tenra idade.
«Nascemos todos iguais (...).Toda a gente respira o mesmo ar, grande parte das pessoas acredita no mesmo Deus! E, no entanto, a diferença pode ser assim tão incomensurável grande porque muita gente nunca pensou onde, de facto, reside a diferença. Porque se tivessem pensado, que, de , não existe diferença nenhuma.»
«Oh, se ao menos já tivéssemos chegado ao ponto em que o nosso país, depois a Europa e finalmente o mundo inteiro compreendessem que, na realidade, as pessoas estavam dispostas a ser amáveis umas com as outras, que todos somos iguais e que tudo o resto é meramente transitório!» Dar
Reflexões intemporais de tão atuais e pertinentes e que conduzem ao ideal de Anne de um mundo repleto de paz e igualdade. Um mundo em que cada um procura ser uma pessoa melhor ao pensar e questionar-se sobre as suas próprias atitudes.
E cada vez que leio Anne Frank fico sempre mais impressionada com a sua sabedoria e fascinada pela personalidade. Estes Contos que poderiam ser simples histórias para jovens adolescentes acabam por trazer muito mais com pensamentos cheios de profundidade e ensinamentos para toda a gente.
Curiosidade: Esta edição portuguesa dos Contos tem a particularidade de ter sido traduzida e ilustrada por jovens que acompanham a autoria jovem da obra. A mensagem acabou por ser compreendida, sentida e interpretada por outros de idade semelhante á de Anne. Está iniciativa mereceu inclusive entusiásticos aplausos por parte da Fundação Anne Frank.
**** Gostei muito
RECOMENDADO a crianças e jovens que gostem de histórias com figuras mitológicas e sonhadoras; apaixonados pela natureza e os animais; quem acredita na bondade humana e não perde a fé RECEITA LITERÁRIA para o desânimo; apreciar e valorizar a vida ao ar livre
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