1 de maio de 2017

O Carteiro de Pablo Neruda: Livro vs Filme


Neste caso a sequência deveria ser invertida pois vi primeiro o filme, logo quando estreou no cinema e só depois li o livro e sinceramente já não me lembrava de quase nada, agora voltei a reler o livro e em seguida vi o filme.

O CARTEIRO DE PABLO NERUDA (Ardente Paciência)
de Antonio Skármeta
Editoral Teorema, 1996
Romance
172 páginas

O livro é um hino à poesia e as suas belas metáforas, à amizade improvável entre dois homens de mundos distintos e ao puro e arrebatador primeiro amor.

Mario Jiménez é um jovem que se torna carteiro, em exclusivo, do aclamado poeta chileno Pablo Neruda, a viver na Isla Negra e com o qual a pouco e pouco vai desenvolvendo uma amizade. A curiosidade pela poesia do poeta que vai lendo no seu livro "Odes Elementares" e o desejo de a compreender e ainda dele próprio a conseguir fazer dá origem ás primeiras abordagens com diálogos enternecedores entre os dois, pela  ingenuidade do carteiro e o sentido de humor do poeta. 

Na descoberta da poesia conhece as metáforas que vão povoar todo o livro e que vai utilizar para expressar o seu amor à amada Beatriz e conquistá-la.

Com Pablo Neruda, Mario descobre não só a poesia, mas também a si próprio, cresce e desperta para uma vida com mais sentido e significado através desta amizade com o poeta, ao qual  mostrará sempre a sua admiração e gratidão mesmo quando não é mais o seu carteiro. Comemora efusivamente, com toda a aldeia o Prémio Nobel que lhe é atribuído em 1971 e nunca deixa de o recordar e evocar. Uma admiração que acaba por tornar-se um pouco obsessiva devido ao deslumbramento que Neruda lhe provoca.

Um livro leve e simples, mas não simplista, com uma linguagem poética carregada de beleza e encanto que me enterneceu e fez sorrir do princípio quase até ao fim... só porque o final é aberto e as coisas ficam indefinidas. 

Gostei ainda de poder ficar a saber um pouco mais da vida de Neruda assim como da história do Chile mesmo que de forma breve. 
Não gostei da quantidade de palavras desconhecidas e outras não tão desconhecidas mas utilizadas nos seus significados menos comuns, o que não impedindo a compreensão da narrativa traz um elemento de frequente quebra e estranheza.

*** (Gostei)

RECOMENDADO a leitores que gostem de poesia, romances repletos de lirismo, histórias de amor e amizade, romances que nos dão a conhecer figuras e factos históricos
RECEITA LITERÁRIA para a falta de inspiração



O CARTEIRO DE PABLO NERUDA 
Título original: Il Postino
de Michael Radford
com Massimo Troisi, Philippe Noiret, Linda Moretti, Maria Grazzia Cucinotta
Drama
1994 


O filme vale essencialmente pelas excelentes interpretações dos dois protagonistas, de destacar a de Massimo Troisi que faz de Mario pela forma como consegue transmitir a essência da personagem em toda a sua ingenuidade, pureza e espontaneidade. E pelas cenas de conversa e interação com Pablo Neruda.

Sendo um filme baseado no romance e não uma adaptação tem claras diferenças e rupturas em vários aspetos da narrativa. 

O período de espaço e tempo em que se passa a história diferem, o livro é um registo factual de determinada época chilena enquanto que o filme é pura ficção pois Pablo Neruda nunca sequer esteve exilado em Itália. Já a personagem principal também é bastante diferente, o Mario Jiménez do livro tem 18 anos e o fulgor e vontade de viver própria da idade enquanto o Mario Ruoppolo do filme tem cerca de 30 anos e está cansado de ser homem. O fio condutor do livro foi mantido mas só até certo ponto pois a partir de determinada altura o rumo do filme é bem diferente da história do livro.

Preferi sem sombra de dúvidas o livro ao filme, pelo maior desenvolvimento e densidade da história e pela sua verosimilhança com a realidade histórica. No entanto, quando imaginar o Mario, carteiro de Pablo Neruda será sempre o Massimo Troisi que o encarnou na perfeição, só que com mais 20 anos.


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1 Comments:

  1. Olá!! Vou fazer um post ainda este fim de semana com todos os textos publicados para o projeto!

    Beijinhos*

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