21 de dezembro de 2020

Um poema da Prémio Nobel Louise Glück


Nas minha deambulações pela net encontrei dois poemas da poeta ou poetisa, como lhe quiserem chamar, vencedora do Prémio Nobel da Literatura deste ano.

O nome de Louise Glück, autora de 77 anos nascida em Nova Iorque, não estava na lista dos principais candidatos este ano e por cá também tem passado despercebida pois não se conhecia obra publicada, a não ser estes dois poemas, publicados em revistas e colectâneas de poesia.  

No entanto Glück tem um longo percurso nas letras dos EUA, estreou-se no mundo da literatura em 1968 e foi desde logo apontada como uma das vozes mais fortes da nova geração de poetas do seu país. E ganhou já dois dos mais importante prémios literários americanos, o Pulitzer Prize em 1993 e o National Book Award em 2014.Atualmente a sua obra é constituída por 12 volumes de poesia e alguns ensaios sobre a própria poesia.

O poema que vos trago “O Poder de Circe” foi incluído na antologia Rosa do Mundo. 2001 Poemas para o futuro, editada pela Assírio & Alvim que atualmente se encontra esgotada.

O Poder de Circe

Nunca transformei ninguém em porco.

Algumas pessoas são porcos; faço-os

parecerem-se a porcos.


Estou farta do vosso mundo

que permite que o exterior disfarce o interior.


Os teus homens não eram maus;

uma vida indisciplinada

fez-lhes isso. Como porcos,


sob o meu cuidado

e das minhas ajudantes,

tornaram-se mais dóceis.


Depois reverti o encanto,

mostrando-te a minha boa vontade

e o meu poder. Eu vi


que poderíamos ser aqui felizes,

como o são os homens e as mulheres

de exigências simples. Ao mesmo tempo,

previ a tua partida,

os teus homens, com a minha ajuda, sujeitando

o mar ruidoso e sobressaltado. Pensas


que algumas lágrimas me perturbam? Meu amigo,

toda a feiticeira tem

um coração pragmático; ninguém


vê o essencial que não possa

enfrentar os limites. Se apenas te quisesse ter

podia ter-te aprisionado.


Mas desde a atribuição do Prémio Nobel da Literatura que a tornou na 16.ª mulher a ser laureada e a primeira poetiza dos Estados Unidos da América a receber a distinção, a situação da sua obra em Portugal modificou-se. Este mês a editora Relógio D'Água publicou numa edição bilingue dois dos seus livros, incluindo o vencedor do Premio Pulitzer em 1993, "A Iris Selvagem".


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