Um poema da Prémio Nobel Louise Glück


Nas minha deambulações pela net encontrei dois poemas da poeta ou poetisa, como lhe quiserem chamar, vencedora do Prémio Nobel da Literatura deste ano.

O nome de Louise Glück, autora de 77 anos nascida em Nova Iorque, não estava na lista dos principais candidatos este ano e por cá também tem passado despercebida pois não se conhecia obra publicada, a não ser estes dois poemas, publicados em revistas e colectâneas de poesia.  

No entanto Glück tem um longo percurso nas letras dos EUA, estreou-se no mundo da literatura em 1968 e foi desde logo apontada como uma das vozes mais fortes da nova geração de poetas do seu país. E ganhou já dois dos mais importante prémios literários americanos, o Pulitzer Prize em 1993 e o National Book Award em 2014.Atualmente a sua obra é constituída por 12 volumes de poesia e alguns ensaios sobre a própria poesia.

O poema que vos trago “O Poder de Circe” foi incluído na antologia Rosa do Mundo. 2001 Poemas para o futuro, editada pela Assírio & Alvim que atualmente se encontra esgotada.

O Poder de Circe

Nunca transformei ninguém em porco.

Algumas pessoas são porcos; faço-os

parecerem-se a porcos.


Estou farta do vosso mundo

que permite que o exterior disfarce o interior.


Os teus homens não eram maus;

uma vida indisciplinada

fez-lhes isso. Como porcos,


sob o meu cuidado

e das minhas ajudantes,

tornaram-se mais dóceis.


Depois reverti o encanto,

mostrando-te a minha boa vontade

e o meu poder. Eu vi


que poderíamos ser aqui felizes,

como o são os homens e as mulheres

de exigências simples. Ao mesmo tempo,

previ a tua partida,

os teus homens, com a minha ajuda, sujeitando

o mar ruidoso e sobressaltado. Pensas


que algumas lágrimas me perturbam? Meu amigo,

toda a feiticeira tem

um coração pragmático; ninguém


vê o essencial que não possa

enfrentar os limites. Se apenas te quisesse ter

podia ter-te aprisionado.


Mas desde a atribuição do Prémio Nobel da Literatura que a tornou na 16.ª mulher a ser laureada e a primeira poetiza dos Estados Unidos da América a receber a distinção, a situação da sua obra em Portugal modificou-se. Este mês a editora Relógio D'Água publicou numa edição bilingue dois dos seus livros, incluindo o vencedor do Premio Pulitzer em 1993, "A Iris Selvagem".


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