Conversa Autobiografia - Entre a Ficção e a Realidade e a "Autobiografia" de José Luís Peixoto


No âmbito da V Festa do Livro da Amadora, cujo destaque eram as diversas formas de escrever a vida e de BIOgrafar fui assistir à Conversa Autobiografia - Entre a Ficção e a realidade com o escritor José Luís Peixoto e o seu editor Francisco José Viegas moderada por Carlos Vaz Marques na Biblioteca Municipal da Amadora.


O ponto de partida foi o mais recente livro de José Luís Peixoto "Autobiografia" cujo título só por si já suscita e pode levantar inquietações quanto à relação entre a ficção e a realidade pois não se trata propriamente da autobiografia do autor.

Num livro de pendor biográfico, existirá sempre a tentativa de descodificação entre o que é real e o que é ficção por parte do leitor com tentativas de interpretação sobre o que é autobiográfico e o que é ficcional, mas para José Luís Peixoto isso tem pouca importância pois ao se tentar fazer essa distinção estamos a tentar distinguir o narrador do autor e onde começa e acaba uma e outra entidade e talvez nunca se chegará a uma conclusão inequívoca.

Para José Saramago, o narrador identificava-se e afirmava-se sempre como o autor nunca se escondendo atrás dele, ele era todos seus narradores. Mas esta era apenas a sua realidade e a verdade válida para si próprio porque em última análise tudo depende da forma como cada um escreve, podendo haver muita proximidade mas não necessariamente identidade. Todavia, a conclusão de que toda a obra tem e reflecte sempre algo do seu autor, das suas vivências e das suas ideias foi unânime, reforçando-se que a dimensão autobiográfica nunca está completamente ausente. E José Luís Peixoto acrescenta que o que convém é "calibrá-la" para que se torne eficaz e não seja nem demais nem de menos.




Ainda nunca li nada de José Luís Peixoto, mas este seu novo romance deixou-me  curiosa não só pela inclusão de José Saramago como personagem mas também pela exploração do universo da escrita  através do cruzar da vida de um jovem escritor com um grande escritor de quem vai ser convidado a escrever a biografia.

José Luís Peixoto conheceu Saramago em 2001 quando recebeu das suas mãos, o Prémio José Saramago pelo livro "Nenhum Olhar" e aí começou uma relação pessoal importante pela forma como transformou a sua maneira de ver a literatura e também a postura e visão do que deve ser um escritor. A realidade deu assim o mote à ficção e vai preenche-la neste romance de um Saramago escritor com diversas ligações à sua obra através de várias personagens, episódios que reflectem momentos dos seus livros. Mas essencialmente um Saramago personagem, o José Saramago de José Luís Peixoto, humano com dúvidas e defeitos, dilemas e aspectos menos positivos.

«Contar-me a mim próprio através do outro e contar o outro através de mim próprio, eis a literatura.»


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