Novidades Desejadas: Livros com livros dentro
Já há algum tempo que por aqui não divulgo novidades, mas surgiram bem recentemente dois livros sobre livros de géneros bem diferentes que me despertaram o interesse pois qualquer livrólico que se preze é incapaz de ficar indiferente a obras que abordem os livros, as livrarias ou as bibliotecas e todo este mundo á volta do objecto livro que nos preenche e fascina.
A primeira sugestão é no âmbito da história e combina um dos acontecimentos históricos que mais me suscita curiosidade, a Segunda Guerra Mundial e livros num episódio pouco conhecido dos dias mais negros deste conflito.
A história quase inacreditável de um grupo de poetas e intelectuais residentes no gueto de Vilna - a «Jerusalém da Lituânia» - que arriscaram a vida para resgatarem milhares de livros e manuscritos apreendidos por nazis e soviéticos. Um relato de heroísmo e resistência, amizade e amor, de verdadeira devoção à literatura e à arte, baseado em documentos judaicos, alemães e soviéticos, incluindo diários, cartas, memórias e entrevistas do autor a vários intervenientes nessa arriscada operação.
Em 1989 foi encontrada numa antiga igreja da Lituânia então república da União Soviética, uma enorme quantidade de material judeu e a explicação para tal facto é nos dada por este livro que nos vai contar a odisseia do material contrabandeado pela intitulada "Brigada de Papel".
Na comunidade judaica de Vilna, actual Vilnius, capital na Lituânia, existia um dos marcantes centros culturais, intelectuais e literários da Europa da Leste com grandes livrarias e vários institutos de ensino. E a quando da ocupação nazi foi aí instalado um ponto de recolha da ERR, uma organização que arrecadava e se apropriava do património cultural dos países ocupados e que acabou por se ver obrigada a recorrer a mão de obra escrava judia para o processo de triagem do material apreendido que diferenciava o que era para guardar do que era para ser destruído.
David E. Fishman, um professor de História Judaica vai contar-nos de forma cativante, a surpreendente história de um grupo de dedicados bibliófilos, guardiões religiosos e culturais que perante o cenário da destruição decidiu salvar o maior número possível de manuscritos judeus, livros e outros materiais contrabandeando-os dentro das suas roupas. A intenção do autor foi chamar a atenção para um acontecimento que merece ser mais conhecido e valorizado na medida em que vidas foram arriscadas na perspectiva de preservação da cultura judaica, do seu património e da herança deixada para as gerações futuras.
Mais um testemunho do amor aos livros e à cultura que consegue unir pessoas e esforços e conduzir também a actos heróicos.
A segunda novidade é um livro para os mais pequenos, um infanto-juvenilum infanto-juvenil influenciado pela obra da escritora Sophia de Mello Breyner Andresen que vai transportar as crianças até ao mundo dos livros e do que eles permitem.
Sofia vivia num palacete cor-de-rosa cheio de livros proibidos, rodeada por labirintos exóticos e árvores antiquíssimas. Certo dia, depois de ter perseguido uma borboleta-fantasma, entrou numa gruta escura que a levou até ao Mundo das Coisas Perdidas.
No caminho pelo interior da Terra, conheceu dois simpáticos mapinguaris, Onofre e Orestes. Na sua companhia atravessou a cidade dos mapinguaris, visitou lagos povoados por ondinas, desceu, no colo de um silfo, para o mundo onde vivem elementais e animais desconhecidos. E foi lá que encontrou a chave para abrir as portas dos armários fechados do palacete.
Sérgio Mendes escreveu este livro em homenagem a uma das mais destacadas escritoras portuguesas, cujo centenário do nascimento se comemora este ano, o autor apresenta uma fábula sobre a magia dos sonhos e a importância de compreender os segredos e as histórias que se julgam perdidas ou vedadas.
É um livro recomendado para leitores entre os 8 e os 10 anos que ensina aos mais novos a valorizarem a leitura e incentiva-os a descobrirem os segredos que se escondem nas páginas de um livro.
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