Poderão as palavras e versos das canções serem considerados poesia e literatura e serem livros para os meus ouvidos? O que leva um escritor de canções a receber o Prémio Nobel da Literatura?
Na conferência "São livros para os meus ouvidos", inserida na iniciativa Alvalade Capital da Leitura, com o poeta Pedro Mexia e o músico Samuel Úria, moderado por Carlos Vaz Marques discutiram-se estas questões e conversou-se animadamente sobre música e literatura.
Entre os conferencistas foi unânime, o reconhecimento de Dylan como poeta e o seu impacto real tanto na cultura como a nível individual e artístico, com canções tão ambíguas que podem ter interpretações completamente distintas, conduzindo à reflexão. Foi sem dúvida um poeta que marcou e desenhou gerações inteiras e em que se incluem os dois convidados, apresentados como verdadeiros “Dylanescos”
A polémica da atribuição do Nobel foi trazida à mesa pelo moderador Carlos Vaz Marques que atribui à suposta junção da baixa cultura à alta cultura com a intromissão de um não escritor no domínio da literatura, tida de alguma forma como superior. A questão passa pelos rótulos e compartimentos criados que muitas vezes constrangem mais do que realçam a arte e o acto de criar que combina mais com empatia do que com constrangimentos.
Para Samuel Úria poderia definir-se o que Dylan faz como uma literatura despretensiosa, embora o próprio se tenha auto-intitulado como um trabalhador da canção e não um poeta ou não fosse ele um dos expoentes máximos dos cantautores (singer-song-writer). O músico português também não encara as suas letras como qualquer tipo de literatura nem ele próprio como aspirante a poeta. O carácter de poesia tem não só a ver com o conteúdo, beleza e profundidade do que se escreve, mas também com o alcance que as composições, as palavras juntamente com o seu invólucro musical têm.
A polémica da atribuição do Nobel foi trazida à mesa pelo moderador Carlos Vaz Marques que atribui à suposta junção da baixa cultura à alta cultura com a intromissão de um não escritor no domínio da literatura, tida de alguma forma como superior. A questão passa pelos rótulos e compartimentos criados que muitas vezes constrangem mais do que realçam a arte e o acto de criar que combina mais com empatia do que com constrangimentos.
Para Samuel Úria poderia definir-se o que Dylan faz como uma literatura despretensiosa, embora o próprio se tenha auto-intitulado como um trabalhador da canção e não um poeta ou não fosse ele um dos expoentes máximos dos cantautores (singer-song-writer). O músico português também não encara as suas letras como qualquer tipo de literatura nem ele próprio como aspirante a poeta. O carácter de poesia tem não só a ver com o conteúdo, beleza e profundidade do que se escreve, mas também com o alcance que as composições, as palavras juntamente com o seu invólucro musical têm.
As letras e palavras das músicas acabam por ser “livros para os nossos ouvidos” quando estão carregadas, precisamente de poesia e conseguem valer por si só e pela sua mensagem, não ficando desabrigadas e mesmo amputadas sem a música que as envolve. No entanto, Pedro Mexia refere que em muitas ocasiões os nossos ouvidos são inundados com sucessos musicais que passam ao lado das suas letras e mensagens que acabam quase por ser aniquiladas devido à falta de significado.
Estes foram apenas alguns apontamentos desta conferência, diria antes, conversa fluída e bastante interessante sobre as ligações da música com a literatura e a importância da palavra com intervenientes de grande cultura geral que me prenderam a atenção e abriram horizontes. E com um músico na sala, esta foi coberta de música com Samuel Úria a cantar um dos seus temas.
Polémicas à parte, Bob Dylan escreve há mais de 50 anos, melhor e com grande sentido de profundidade e beleza. Em 1966 publicou o seu único livro de ficção "Tarântula" e tem ainda um outro de crónicas sobre os seus primeiro anos em Nova Iorque. Mas podem ficar a conhecer um pouco mais o Prémio Nobel através de 7 livros e documentários de Dylan.
0 Comments:
Enviar um comentário