O Sonhador de Ian McEwan



O SONHADOR 
de Ian McEwan
Gradiva, Junho 2006
Ilust. Anthony Browne
Infantojuvenil
104 páginas
Sinopse
Como seria estar dentro do corpo de um gato, tornar a família invisível, desmascarar o rufião da escola ou apanhar um ladrão em flagrante? Peter Fortune é um rapaz de 10 anos que pensa nestas coisas e vive algures entre a fantasia e a realidade. Mas os adultos não o compreendem nem imaginam as coisas fantásticas que lhe passam pela cabeça e, por isso, os seus sonhos só lhe trazem problemas.
Com estas histórias admiráveis, Peter resolve finalmente abrir as portas do seu mundo secreto e fascinante. E nós somos seus convidados. 

 

«O próprio Peter acabou por apreender, à medida que foi crescendo, que, como as pessoas não conseguem ver o que se está a passar-se dentro da nossa cabeça, o melhor a fazer se queremos que nos compreendam, é dizer-lhes.» 

 «Peter continuou de costas voltadas para o mar. Um súbito vento frio fê-lo estremecer. Olhou na direção das casas. Conseguia distinguir o murmúrio da conversa dos adultos, o som de uma rolha a sair da garrafa, o som musical de uma gargalhada de mulher, talvez da mãe. Naquela noite de Agosto, ali parado entre os dois grupos, com o mar a bater-lhe nos pés, Peter compreendeu repentinamente algo que era ao mesmo tempo óbvio e terrível: um dia sairia do grupo que corria livremente pela praia e juntar-se-ia ao grupo que ficava sentado  a conversar. Era difícil de acreditar, mas Peter sabia que era verdade. Os seus interesses seriam diferentes: trabalho, dinheiro, impostos, livros de cheques, chaves e café, estar sentado a conversar, estar sentado horas a fio.»

 

O Sonhador transporta-nos para a infância, para o mundo da imaginação fértil das crianças, principalmente daquelas que sonham acordadas e vivem tão alheadas nos seus pensamentos que são muitas vezes incompreendidas. Qualquer coisa serve de pretexto para imaginarem uma boa história e as distrações provocadas pelos seus pensamentos à deriva fazem-nas colocar-se em situações caricatas. 

É um hino à imaginação infantil em que tudo é possível  com histórias mirabolantes, divertidas que têm sempre ensinamentos nas entrelinhas. Histórias em que a determinado momento se dá a passagem das fantasias de Peter para a realidade, onde acaba a imaginação e o mundo real se revela.

O livro termina com a tomada de consciência da inevitável passagem do mundo das crianças ao dos adultos em que se perde a inocência mais pura e se castra a liberdade da imaginação sem limites e das diferenças entre os dois.

Ian McEwan é um escritor inglês com formação em Literatura Inglesa que publicou a sua primeira obra em 1975, um livro de contos intitulado "Primeiro amor, últimos ritos", desde aí escreveu ainda este livro infanto-juvenil e mais de uma dezena de romances. Ganhou vários prémios entre eles o Man Book Prize, um dos mais importantes de língua inglesa com "Amesterdão" em 1998.

Tem várias obras adaptadas ao cinema como "O Inocente", "O Fardo do Amor" e "Expiação", talvez a mais conhecida e também escreveu vários argumentos para cinema.
Página oficial: http://www.ianmcewan.com

** (Razoável - Li mas não me prendeu)

RECOMENDADO a jovens introspetivos de imaginação fértil que gostem de criar histórias 
REMÉDIO LITERÁRIO para a falta de criatividade 



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